Metalinguagem

Ai que saudade.
Eu mamem taba Tum tautate.
Eu tava mais
Nãããão, eu ti taba mai. Eu até sonhei com otê, sabia?
O que foi que você sonhou?
Ai, eu num sei, puiquê eu taba lá sonhandu e a minha mãe me atoidô pa i na icola.
Ah, que pena você não se lembrar...
Mai cano eu quecê eu vo na sua casa de patins.
Mas como você vai saber chegar? Ribeirao Preto é enorme!
Ah, mai eu paio e peigunto: Hóme, onde a minha madinha mora? Ele fala e eu vo lá.
Entendi.
E eu vo duimi na tua tama com otê. Otê fai leite com batante Nescau pa mim duimi?
Faço.
Mái eu dóto assim : pêto,com batante Nescau.
É assim que eu faço. Com bastante Nescau.
Madinha , mai eu não dóto de comer muito.
Mas tem que comer pra crescer e ficar forte.
Ah, mai eu já to gândi! Óia o meu tamanhão que eu to!
É, você cresceu bastante desde o dia em que eu te vi pela primeira vez...
É que eu já to até na icolinha! Câno otê viu eu a pimêra vez?
Quando você nasceu. Eu fui a primeira pessoa que te viu, sabia?
Mai onde a minha mãe taba na hora?
Tava com sono, deitadona, e eu lá, em pé, esperando você chegar....
E o meu pai? Tava badaiano?
Não, ele não trabalhou aquele dia. Literalmente não fez nada. Nem as fotos ele conseguiu tirar direito.
Ele taba doente?
Não. Estava se apaixonando.
Madinha, e a minha mãe?
O que tem sua mãe?
O que ela taba fazeno?
Estava caçando as borboletas dentro do estômago.
Ah, madinha, otê tá loca? Eu não to entendeno nada, madinha!
Um dia você entende, meu anjo. Um dia você entende....