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quarta-feira, 24 de novembro de 2010


SURREAL

“ Sentados na arquibancada da arena de esportes
Esperando o show começar.
Luzes vermelhas, luzes verdes, vinho de morango,
Com bons amigos, seguindo as estrelas, Venus e Marte,
Está tudo bem nessa noite...”
Ao som de Vênus and Mars, ele entrou.
Voltei no tempo, quando eu olhava para aquele LP em branco e preto, e dizia:
-Mãe, eu quero me casar com Paul Mc Cartney...
De fato, a noite estava perfeita , Vênus e Marte e a Lua assistiram ao maior show do mundo.
Estado de graça. Eu olhava e via meus amigos de boca aberta, feito crianças, crianças que cresceram vendo os pais ouvindo Beatles .
E lá estávamos nós, representantes de nossos velhos pais, realizando um sonho nosso e deles também.
A gente olhava e dizia:
“-Ele é de verdade, ele realmente existe, e a gente tá aqui!”
Eu olhava um pouco além, e podia ver pais com seus filhos e esses filhos com seus filhos , todos com o olhar numa mesma direção e os ouvidos em total êxtase.
Meu desejo era só um: que todos os meus amigos estivessem ali ao nosso lado naquela hora, e meu pensamento se voltou para cada um deles.
Outras pessoas pensavam o mesmo que eu, pois podia-se ver o tempo todo, ligações de celulares com vozes dizendo assim:
-“Mãe, eu to vendo ele, mãe!”
-“Ô, meu pai, eu to aqui vendo o Paul mc Cartney!!!”
Cada um de nós tinha uma música que nos faz lembrar de algo. A minha, era Let It Be, pois me lembro da minha avó e da paz de suas palavras sábias e de como ela dizia calmamente que pra tudo dá-se um jeito.
Todo casal tem uma música, e a nossa eleita é Something.
Ficamos 2 dias reunidos esperando o domingo chegar e durante esses dois dias, todas as músicas dos Beatles foram cantadas, mas o jingle que se cantava de 5 em 5 minutos, era : “I dont know, I, dont know....” e quando Something começou, foi de fato, surreal : Fotos de George Harrison passavam no telão no fundo do palco e Sir Paul virou-se de frente para ele, homenageando o compositor da terceira música mais tocada em todo o mundo.
Palmas de mais de sessenta mil pessoas tem uma acústica maravilhosa e eu não sabia.
Fogos de artifício celebraram a nossa felicidade e um numero absurdo de bexigas brancas surgiu do meio daquela energia toda, e crescia feito pipoca e em poucos minutos estavam espalhadas pelo Morumbi inteiro. Uma delas veio parar na minha mão e naquele momento , eu me senti totalmente integrada àquela massa de energia boa.
Todos os olhares, todos os ouvidos e todos os corações unidos numa mesma direção, realizando seu sonho de menino.
“ Eu escrevi essa musica para a minha gatinha Linda, mas hoje ela é para todos os namorados” , e cantou My Love.
A paz que se viu por ali era tão absurda, que sentíamos o peito apertar de tanta emoção. Muitas vezes, não falávamos nada, para evitarmos chorar, pois tudo era intenso demais.
Foi mágico.
Naquele momento, o mundo era só sorrisos, e não havia problemas, doenças , nem mágoas ou diferenças a serem acertadas. Estava tudo perfeito naquela noite onde o universo todo conspirou a favor da felicidade.
Num mundo cheio de guerra, fome, ganânica, injustiça, inveja e intolerância, o show do Paul Mc Cartney veio nos mostrar que o mundo só não consegue a paz, porque não quer.
(Meus agradecimentos à Elaine,Dirça, Thi e André, que estiveram ao meu lado, dividiram e eternizaram comigo esses 165 minutos mágicos. Vai ficar pra sempre no meu coração. )

quarta-feira, 17 de novembro de 2010



A SAUDADE DELES TÁ DOENDO EM MIM

Não adianta.
Nessa época do ano, a saudade toma conta de tudo.
Perdoem, é uma fase, vai passar, sempre acaba passando.
O fato é que quanto mais vivemos, mais perdas vamos colecionando.
Até pouco tempo eu era orgulhosa em dizer a todos os meus amigos que tinha meus avós maternos e paternos ainda vivos e muito saudáveis.
Eu tinha uma família linda!
Por conta de minha mãe ter mais irmãs que meu pai,e morarmos no inteiror, a casa da vovó era sempre mais cheia.
Mas a casa de meus avós paternos também me encantava. O cheiro da casa, a escada que levava até o quintal, as novidades da capital em épocas que ainda não havia a globalização...
A primeira vez que vi um microondas funcionando, foi lá. As maiores TVs, as novidades cibernéticas, o charme dos cabelos grisalhos e bem cuidados de minha avó, a fineza e o charme de meu avô. A casa tinha cara de férias pra mim. De lá, sempre íamos pra praia, playcenter, shopping centeres...
Primeiro foi meu avô, depois minha avó. Por ultimo, meu pai.
VÔ Henrique era tão lindo, tão elegante e inteligente... Ele sempre vinha me ver, não importando as adversidades. Calmo e paciente, ah, como eu amava vê-los chegar!
Vó Nadir com seus lindos cabelos brancos e seu cheiro de perfume de avó. Lembro-me dela comendo suas frutinhas frescas, assistindo TV ao lado do vô. Sua pia era sempre tão branquinha, a casa tão limpa e vê-los sentados naquele sofá da sala me trazia felicidade.
A casa do interior, a mais movimentada, era habitada por filhas, genros, netos, vizinhos , agregados e quem mais quisesse chegar.
O cheiro do feijão, do pão, do café fresco, do peixe frito e do fumo de corda eram uma constante. A casa não tinha trancas nas portas e se tinha, nunca era usada.
Por lá, se a alegria era maior, as perdas foram maiores também.
Meu tio Gallo era um homem bonito, recém casado, recém pai do Alê. De olhos verdes, pouco mais de 27 anos quando se foi, deixando uma linda e jovem viúva e seu filhinho pra trás. Na foto ele aparece abraçado com ela, num domingo qualquer de carnaval, pouco antes de ir embora. As fotos do jovem com seu filhobebê também é ele, e o Alê.
O Alê foi crescendo, e se tornou uma pessoa extremamente popular e querida de todos. Era o cara que qualquer um olha e diz: poxa, como esse cara é feliz! Esse tem sorte na vida! Vai longe! Não conseguiu chegar a cidade onde ia com os amigos apresentar-se num festival de musica. Elegi aquela como a pior noite de toda a minha vida e noites difíceis se sucederam , e ela continua sendo a pior de todas.
Depois foi a vez do nosso agregado mais amado: Waldir Gatto, o Gattão. Na foto pode-se ver o Alexandre com olhos cansados, ainda pequeno em seus braços. Era o tipo de um pai postiço. Pro Alê e pra todos nós. Um belo gajo,solteirão convicto, topete grisalho, sempre presente em todos os momentos da nossa vida. Lembro que ele nos enfiava dentro de uma carrocinha dessas de pedreiro, e saíamos passeando pela cidade.
Ninguem tinha medo de trânsito, nem de ladrão e todos confiavam-se mutuamente. Dele, ganhávamos muitos presentes. Era a época da inocência e não nos dávamos conta disso.
O vovô , não posso falar dele. Só digo que foi o homem que mais amei e foi através dele que criei minhas referência masculinas e talvez seja por isso que me tornei tão exigente.É ele deitado em seu sofá, abraçado a mim e a mochilinha. É ele ao lado da vovó, é ele vestido de cangaceiro, é ele com a mochilinha ainda bebê nos braços. Viveu até os 103 anos e pra mim, foi pouco demais. Quando ele se foi, minha vida virou uma saudade que não tem fim, não dá trégua, nem arrego.
Meu pai foi a mais recente perda. Na foto, sentado ao lado do vovô, foi num dia em que ele veio de Recife pra São Paulo e sabendo do estado de saúde duvidoso do véio Américo, veio visita-lo, o que trouxe uma enorme alegria a todos. É ele também abraçado a mim na varanda do seu apartamento em Recife, é ele sentado no chão , observando a mochilinha brincar, pular, pular e de repente cair em sono profundo lá mesmo, no chão da cozinha.
Essas pessoas foram as mais importantes na história da minha existência. Uns foram embora cedo demais, outros nem tanto e outros aproveitaram até o ultimo momento da viagem.
A casa da minha existência sempre será incompleta sem a presença deles . Existe um vazio no tapete da sala de estar, , no quintal, na cozinha, na calçada da minha vida.O lugar de cada um ficou vago na mesa . Outras pessoas vieram e ainda virão, mas a ausência deles será sempre presente, e naquela mesa, sempre estará faltando ele, e a saudade dele, vai doer sempre em mim.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A meu pai adotivo                                     



Francisco Itaerço é um poeta de um nível intelectual admirável.
De uma genialidade e sensibilidade imensuráveis.
É também, desde pouco tempo atrás, meu painho de coração.
Sim, a meu pedido, ele me adotou como filha de coração.
Ele me homenageou, citando essa princesa sem castelo entre nomes tão importantes.
Retribuo sua homenagem, se é que isso é possível,
Postando seu poema aqui no meu blog.
A bênção , Painho!





QUEM FUI? QUEM SOU? QUEM SEREI? -UM POEMA DE FRANCISCO ITAERÇO


“A coisa mais difícil é conhecer-se a si mesmo” (Tales de Mileto)

Meio século de existência,
Não sou nada, não existo
Sou pura ineficiência
Sou somente meu registro.

Fui fabricado em série
Em escolas e universidades
Fui sempre uma minissérie
Das novelas de verdade.

Sou meu pai e minha mãe,
Meus filhos e meus amores,
Meus amigos e meus alunos
Sou também meus professores.

Fui Ghandi, fui Joana Darc,
Jaques Demo Lay, O Templário
Fui imperador romano
Só não fui incendiário.

Fui Nelson e fui Gonçalves,
Fui muitos outros também,
Sou Roberto e sou Carlos,
Caetano e Fafá de Belém.

Fui Tiradentes, e Zumbi…
Fui preso em sessenta e quatro
Só não fui executado
Porque fugi para o mato.

Aqui no Jota Bê Efe:
Sou toda esta fubanada,
De tudo eu sou um pouco
Eu sou um pouco de nada

Sou o Cícero Cavalcanti,
Sou Luciane Trevejo,
Sou o amanhã e o ontem
Sou o amor e o desejo,

Sou o professor Luiz Otávio
Num AP de frente ao Mar,
Escrevendo textos pra neta
Do décimo segundo andar.

Serei ainda, quem sabe?
Xico Bizerra e Hellen Quirino,
E o colunista João Procópio
Que sou fã desde menino.

“De jumento ao Parlamento”
Serei Raimundo Floriano,
Serei Laélio Ferreira
O mundo todo glosando

Sou Leonardo Leão
Sou Goiano Braga Horta
Pouco importa a oposição
Divergências pouco importa

Sou Marco Di Aurélio,
Sou o Padre Irineu Batista:
Um fiel aqui da ICAS
Que a muito perdi de vista

Sou o Huytamar de Freitas
Lá da Rádio-Peão
Sou o bispo Jorge Filó
E o Ismael Gaião

Serei todos esses letrados,
Até mesmo o papa Berto
E pra quem não foi citado
Deixo meus versos em aberto.

………………………………………..

No momento sou o que sou
Meio nascente, meio poente…
Vou consultar meu DNA
Acho que nem sou meu parente.

Mesmo quando pleno de mim
Sou um poeta simplesmente
E poeta todos nós somos
Difícil mesmo é ser gente.

Quem sou eu? Você sabe? Eu não sei.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Eu sinto que tenho deixado o blog um pouco de lado (talvez muito), mas confesso que minha coluna no jornal tem me fascinado e me envolvido tanto, que acabo postando lá e deixando de postar aqui.
Coisas do coração, que a razão nao pode explicar.
A verdade é que tenho uma reciprocidade muito grande por lá, sou muito paparicada e como uma boa leonina, isso me alimenta.
Além do que, lá só tem fera: grandes e consagrados escritores, cartunistas e jornalistas, portanto ninguém necessita me plagiar, ja que são , de fato, bem melhores que eu.
Estou postanto um video e um texto aqui, que postei no jornal já tem alguns dias.
Foi um artigo muito comentado. Aqui eu sei que o perfil é outro: a galera entra, lê, mas quase não comenta.E comentários nos fazem um bem danado e quem escreve sabe disso.
Mas meu ego tem sido massageado diariamente por lá, entao, posto pela emoção de postar mesmo, sem esperar nada por isso. Se o texto e as imagens fizerem com que uma única pessoa dê um pouco de si pelo seu próximo nesse final de ano, uma bola, uma boneca, um abraço , ouvidos a um velhinho, já terá valido a pena.
Não careço de comentários não, ok?
Mas leiam..... e deixem-se invadir pelo espírito solidário.





FILANTROPIA

Eu nunca consegui entender o que impede o ser humano de ajudar o seu próximo.
Por mais ruim e briguenta e presepenta que eu seja , e eu sou,
Sempre tentei fazer minha parte e isso só me trouxe contentamento.
Esses dias uma amiga querida viu esse vídeo acima e me lembrou de uma campanha, que nem era minha e sim, do Banco do Brasil da cidade onde eu morava, para arrecadar alimentos para uma creche que estava quase fechando por falta de recursos.
O Banco encabeçou a campanha, publicou no jornal e no rádio. Uma beleza. Mas botar a mão na massa que é bom, nada. Acho que eles imaginavam que o povo ia entrar na agência com arroz, feijão, sabonete, shampoo, leite, óleo....
Eu sei que o negócio não andava.
Um dia consegui 3 amigas pra me ajudar, já que as demais precisavam ir ao clube, afinal era verão e precisavam se refrescar.
Fomos pra porta do maior supermercado da cidade, sábado, às 8 da manhã, com a cara, coragem, tesoura e um rolo de 500 metros de fita de cetim em punho.
Cada pessoa que entrava, a gente colocava um lacinho no dedo indicador, que era pra não se esquecer de pegar alguma coisa para doar pra gente na saída.
Não sei de onde tirei essa idéia, mas acredito que Deus ilumina , né.
Eu só sei dizer que foi a coisa mais linda do mundo, aquele supermercado lotado, e todo mundo com um lacinho no dedo. Todos se entreolhavam e ninguém deixou de doar. Tivemos que lotar meu carro umas 10 vezes, pois a quantidade de alimento atrapalhava a entrada do local.
Na segunda feira, quando liguei para o gerente do banco vir até minha casa buscar as doações que tínhamos conseguido, ele não imaginava a quantidade. A caminhonete dele foi e voltou e foi e voltou e foi e voltou, para levar tudo o que tinha na garagem de casa.
E o que foi que eu tive que fazer? O que foi que eu tive que gastar? Um sábado. Nada além disso.
O que eu doei de mim? Muito pouco. Quase nada.
Então fico pensando .....O que impede o ser humano de ser bacana, de ser solidário ao seu próximo? Falta de tempo? Não. A gente arruma tempo pra tudo o que estiver disposto a fazer.
Falta de comprometimento? Falta de conscientização?
Penso que o que falta pra gente é amor, sabe..
Amor, de olhar pro outro e saber que somos todos farinha do mesmo saco e que no final da caminhada, iremos todos pro mesmo lugar.
Amor, de ver alguém caído e ter o ímpeto de estender a mão ao invés de pensar: não é problema meu.
É amor o que falta. É preocupação.
É olhar e entender que somos todos cores da mesma paleta, que somos átomos de um mesmo sistema, que somos filhos de um mesmo Deus e que isso nos torna irmãos.
E como essa amiga me fez lembrar da história do lacinho, que foi apenas uma, entre tantas que temos pra contar,
Deixo esse texto em homenagem a elas, que naquele dia em especial, dedicaram seu sábado para ajudar seu próximo. E assim o fizeram.
Meu beijo cheio de carinho e saudade pra Karina Martins, Silvana Costa e Bruninha Gallo.
Deus abençoe vocês.

terça-feira, 19 de outubro de 2010








Quién me va a entregar sus emociones?
Quién me va a pedir que nunca le abandone?
Quién me tapará esta noche si hace frío?
Quién me va a curar el corazón partío?
Quién llenará de primaveras este enero,
Y bajará la luna para que juguemos?
Dime, si tú te vas, dime cariño mío,
Quién me va a curar el corazón partío?

domingo, 17 de outubro de 2010

(Meus agradecimentos ao meu Xuxú, que colaborou com a construção do texto, além de ser a minha melhor inspiração e o protagonista das maiores cagadas que tenho conhecimento).





CURTO E GROSSO QUE NEM UM TRÔÇO

Cansou de ser pobre e pairar no anonimato, sendo proprietário de tamanho talento e imaginação.
Foi à feira, comprou arroz, feijão de corda, milho, cenoura, beterraba, variações de folhas em várias tonalidades de verde,carne vermelha e branca.
Cozinhou toda aquela paleta de cores, ingeriu os alimentos, acompanhado com cerveja, vinho tinto e branco, pinga, coca cola e fanta, gatorade sabor uva e água de côco.
Passou no Mc Donalds mandou pra baixo um Milk shake de morango e finalizou com uma casquinha twist.
Pegou uma tela, colocou-a estrategicamente no chão de  seu pequeno quintal, pediu emprestada a varanda do vizinho do andar de cima.
Abaixou as calças e “obrou” em cima da tela.
Envernizou-a , levou a Bienal e discursou sobre o tema de seu trabalho: “Arte Fecal” e sua
obra “ Depois da Balada Contemporânea ” e sua importância na representaçao da sociedade .
Foi ovacionado , aplaudido, reverenciado.
Ficou rico, saiu na Caras, Bundas, no New York Times , foi entrevistado pela Oprah, esnobou o Jô e a Gabi e o mundo se rendeu ao cara que ganhou a vida fazendo cagada.
E nem político ele era.

terça-feira, 12 de outubro de 2010




TROPA DE ELITE 2

Domingo  , 20:00 horas. Dia de pizza, cinema, pipoca.
Fomos ao shopping pra assistir Tropa de Elite 2.
A fila estava tão grande, que pensei em desistir.
Mas somos brasileiros. Enfrentamos a fila para sermos informados que os ingressos para todas as sessões daquela noite estavam esgotados. Compramos para o dia seguinte. Brasileiro é brasileiro, meu chapa...
Dia seguinte, 15:00 horas.Véspera de feriado. Aquilo parecia um formigueiro. Quarenta minutos antes do filme começar, a fila para a entrada  estava imensa.Fiquei feliz por termos comprado os ingressos antecipadamente, senão,  teríamos que adiar novamente, pois todos os ingressos para aquele dia também se esgotaram.
Enquanto aguardávamos na fila, comecei a observar aquelas pessoas.
Eram jovens, adultos, jovens senhores, velhas senhoras, crianças, mas muuuuuitas crianças.
Embora o filme não mostre cenas de sexo, mostra violência, pensei. E achei talvez um pouco inapropriado  para crianças tão novas, mas o que me  intrigava  era  o que movia aquelas pessoas a estarem ali. Tanta gente tão empenhada para ver a continuação de Tropa de Elite.
Me lembrei da época do primeiro filme, e da comoção geral que ele causou:  Todo mundo, sobretudo as crianças, cantando como se fosse um hino : “tropa de elite , osso duro de roer, pega um, pega geral, também vai pegar você!”
Eu observava aqueles rostos desconhecidos,  rostos entusiasmados para ver o filme e embora eu soubesse o quanto o primeiro foi bom, não conseguia entender tanta disposição e interesse ....
Entramos.
Tropa de Elite 2 enfim começou e caiu por terra minha teoria de que filmes em sequência não superam o original.  O filme é  pacabá.
É apresentado, com entusiasmo,  relação pai e filho na sociedade contemporânea, tópicos como confronto entre classes, consumo de drogas que não se estende só às classes baixas,  íntima relação entre policia e marginalidade, entre o morro e o planalto,   sociedade e poder público.
Filme violentíssimo. Como violenta é a nossa realidade.
Claro que  a cena eleita como a melhor, foi a da surra que o Capitão Nascimento dá num deputado. Podia se ver através da expressão das pessoas naquele momento, que todos sentiram-se representados. Todos deram seu murro imaginário e todos sentiram aquela vontade de ser um Capitão Nascimento.
Não vou me derramar em elogios a Wagner Moura. Não vou. Tenho auto-controle e  vou me abster.
O filme termina e a gente sai do cinema de alma lavada, com aquela sensação ilusória de alívio momentâneo. De que as coisas ainda tem solução.
Já dentro do carro,  eu chorei. Assim, como choram as princesas, discretamente, sem ser notada.
Chorei porque concluí a razão de toda aquela comoção, lutar por uma vaga num shopping num feriado prolongado, passar horas na fila para assistir a um filme:
A gente é carente do pão,  da educação, da segurança, a gente é carente da tal da esperança.
A gente é sobretudo, carente de heróis.
Capitão Nascimento é nosso Super Homem, alguém que nos emociona pela honestidade, pela hombridade. Nossas crianças precisam de ossos duros  e caráter reto.
O futuro desse país está nessas crianças e elas estão sedentas de dignidade, elas tem esperança sim, num futuro melhor, com comida, saúde e educação garantidas e acima de tudo,  as nossas crianças estão sedentas e clamam por bons exemplos.
E , se ainda não somos capazes de escolher corretamente nossos governantes, ao menos sejamos capazes de sermos bons pais e de darmos bons exemplos. Pois, embora não percebamos, somos nós, os pais, os  primeiros grandes heróis eleitos por nossos filhos.
 Portanto,  sejamos dignos dessa admiração, mostremos a eles que se o mundo está cheio de vilões, os heróis ainda existem , vivem honestamente, não roubam, não matam e  embora não morem em Bat-cavernas, velam sempre pelo seu sono,   no quarto ao lado.

sábado, 2 de outubro de 2010

Sabedoria


Fazer aniversário perde um pouco a graça  quando deixamos de ter dentes de leite.
A ansiedade pelo tema da festa, o bolo, presentes, são trocados pelas ruguinhas que invariavelmente ganhamos de presente da vida.
Prova de que estamos vivos, de que estamos vivendo. Que o sol continua batendo em nosso rosto e que choramos e sorrimos. Sorrimos muito. Por isso os pés de galinha.
Eu sou feliz.
Tenho uma filha, que me permitiu rever-me, recriar-me .Nela vejo meus erros e me perdoo, porque a amo mais que a mim mesma.
Tenho um grande amor. Alguem que mais do que me amar, me diz isso o tempo todo, através de gestos e palavras e se dedica sempre em me fazer a mulher mais feliz do mundo. E eu o amo, e  quero te-lo sempre ao meu lado.
Eu revejo conceitos, reflito sobre meus erros, peço desculpas quando erro,
Até tenho aceitado o perdão, mesmo quando não  tenho nada a ser perdoado.
Aprendi que só as coisas  importantes pra mim devem ser revistas, reavaliadas e repensadas.
Hoje eu só brigo por quem amo. De resto, eu ignoro , fico brava por 3 minutos e depois sigo sorrindo.
Assumo tudo o que fiz ou faço.
Mas não pago pelo whisky que não bebi.
Finalmente entendi que o que as pessoas pensam  sobre mim, nunca será capaz de mudar aquilo que sou. Nem pra melhor, nem pra pior.
Na vida, nada é fácil, viver é complexo, porque nos cobramos demais, o tempo todo...
E a auto crítica nos impede de sermos leves, de voarmos.
Estamos sempre pensando que poderíamos ter feito melhor, ter sido melhor,  ter amado mais,
Ter perdoado mais, ter sido mais amigo, ter escutado mais e falado menos...
Mas o fato é que recentemente cheguei aos 40.
Reuni pessoas queridas pra dividir comigo aquele momento da minha  vida.
E tudo foi perfeito, porque não tinha ninguém faltando, ninguém sobrando.
E tive aquela rara sensação de que  naquele pequeno fragmento do espaço e do tempo,
Tudo estava no seu devido lugar, tudo estava como deveria estar.
Fiz um breve esboço da minha vida até aquele instante e gostei do quadro que se formou  a minha frente.
E penso que, para termos uma boa tela, temos que saber dosar as cores.
A vida que vai comigo quando eu não estiver mais por  aqui, é escrita com as tintas que eu escolho.
Não se pode apagar o que ficou borrado.
Mas se pode  recomeçar e fazer melhor. Sempre.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

UMA ÍNDIA

Um texto de Cícero Cavalcante, como uma declaração de voto e de amor à honestidade simples e à inteligência disponível  .


Eu queria, juro que queria ver isso. O desmantelo. A limpeza desse pau de galinheiro cheio de merda e fedor de titica em que foi transformado os poderes executivo e legislativo do Brasil. Porque galinheiro que se preza é assim:  a merda é feita lá em cima, pelas cloacas sem penas de todos os rabos presos politiqueiros, mas cai aqui embaixo, inundando a raia miúda do resto da comilança desenfreada e da galinhagem sem limites desse Brasilzão podre.
Nessa minha ficção atordoada eu imagino que um povo inteiro tenha tomado vergonha na cara. E tenha se chamado aos brios, com uma vontade única e nunca vista por esta imensidão de Pátria.  hoje Pátria desalmada para as necessidades dos seus filhos. Hoje Pátria mal amada por um conluio de comandantes, já cegos pelo brilho ofuscante do poder.
Eu imagino esse mesmo povo fazendo dos seus votos, a arma pacífica da sua própria libertação. Caminhando quase que em ordem unida, marchando aos acordes do hino Nacional Brasileiro, em altos brados retumbantes dentro de suas próprias consciências.
Calados. Introvertidos. Concentrados como a infantaria nos fronts de guerra. Cada um com sua vingança prestes a ser consumada.
Como arma, a escolha, o sufrágio. Um punhal de lâmina fria e afiada a ser cravado no peito do gingantismo que se transformou a desobediência, a falsidade, a desonestidade e o desrespeito dos que afrontam a dignidade e esculhambam a probidade e a honra.
Tão poderosa arma, que fará desabar no chão - na desarticulação do tombo inesperado - os que se imaginam acima do bem e do mal, mas que de uma hora para outra, podem virar massa humana disforme, exalando seus apodrecimentos  nos cemitérios das inutilidades públicas, localizados nas próprios fossas onde passaram todas as suas vidas.
E surgirá uma índia, vinda das sombras da floresta amazônica. E a índia surgirá impávida como Bruce Lee. Um heroína do bem, que opta pela preservação e não pelo desabamento. Uma paladina da justiça que descerá numa estrela cadente, colorida e brilhante, e não de outra decadente e rubra de vergonha.
Uma lutadora de velocidade estonteante, que mesmo na rudeza de sua criação, trará honestidade , hoje mais necessária que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias.
E tomara que venha com a indignação própria dos humilhados. E levante sua bandeira bem alto e a partir dela comece o desmontar da indústria da roubalheira, hoje repleta de instrumentação precisa e de segredos guardados a sete chaves. E chafurde o merdeiro da Petrobrás. E levante a caixa preta dos mensalões. E exponha a público a vergonha dos gastos desenfreados que compram consciências e posturas, sob o título de implantação do socialismo que hoje desmoralizaria os lapidares que o  criaram.
E na pecha sem tamanho de ver tais safadezas expostas ao mundo, todos guardaríamos esses criminosos em prisões fétidas, afastados de uma sociedade que só quer paz, trabalho e justiça.
E aquilo que nesse momento se revelará ao povo, surpreenderá a todos, não por ser exótico, mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto, quando terá sido óbvio.
E eu quero essa índia lá. Deus há de querer essa índia lá. E com ela um novo Brasil. Um Brasil que me orgulhe. Que me faça sentir filho e não um pária cuja honestidade lhe seja descabida. Um Brasil que me honre. Um Brasil que reconheça que acima da vontade de qualquer pessoa, existe o direito de todos, na ordem e no progresso. E nunca na desordem e no retrocesso.
Pelo menos sonhar ainda é possível.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010




PROCURA-SE

Ela é uma mulher bonita.
Bonita mesmo, de verdade.
Uma mulher bonita, uma amiga bonita, uma esposa bonita…
Uma mãe maravilhosa.
Mas não é da mulher que vou tratar nesse texto. Preciso voltar aí pra mais de 30 anos.
Ela   era uma menininha de pouco mais de 5 aninhos? Não tenho muita exatidão de datas, porque  quando ela me contou sua história, tentava inutilmente disfarçar  sua voz mudando, e seus olhos marejarem.
Eu, fingida como sou, me fiz de distraída , mas prestei foi muita atenção,mesmo  fingindo, como ela,  que o assunto nao tinha muita importância…
Mas então ela era uma menina, uma criança  quando seus pais se separaram.
Eu trago comigo que quando um casal se separa, existem sempre as 3 versões para o acontecido:  a dele,  a dela, e a real.
Pessoas se apaixonam a todo instante , e deixam de se amar a todo instante, se não na mesma proporção, numa proporção mais ou menos que equivalente.
E por alguma razão, aquele casal também deixou de se amar. Até aí, nada demais, se a mãe da menininha, ao resolver partir, não tivesse decidido deixar pra trás a sua filha. Aliás, não era só uma filhinha que ela deixou, mas sim, três.
Foram dormir com uma família, acordaram sem mãe.  Quase consigo visualizar aquele pai, de repente se vendo sem a mulher amada , tendo que trabalhar e também cuidar sozinho dos três filhos pequenos. 
E a mãe foi embora, assim, como quem assina o check –out  no hotel fazenda, pega suas malas e segue para a vida.
Após um longo tempo, houve a necessidade do divórcio. Ela precisava  legalizar a separação.
Então a menininha arrumou-se toda, ajudou os irmãozinhos a ficarem bonitos e perfumados. Sentaram-se com cuidado no sofá da sala e esperaram a visita tão aguardada da mãezinha, que não viam há tanto tempo.
No fórum, o Juíz  perguntava a ela sobre o pátrio poder, hoje, poder familiar, que a mãe exercia sobre os filhos, mesmo no caso dela, que os deixou com o pai e nunca voltou para visitá-los. Afinal, mãe é mãe, deve ter pensado o juíz.
Mas a mãe, ( pois bem, vamos lá, mocinha,  digite seu texto ).
A mãe abriu mão dos direitos de mãe.  A mãe não queria mais brincar de ser mãe. Só queria assinar os documentos e ir embora.
E assim o fez.
O pai perguntou se ela não queria ao menos dar uma passadinha em casa, pois as crianças estavam aguardando por ela  fazia horas. Fazia meses. Fazia anos….
Mas a mãe estava com pressa,  não podia se atrasar para a vida.
A menininha e seus irmãozinhos ficaram muito tristes. Muito mesmo. Sentiram-se novamente abandonados. Rejeitados. Sentiram-se feios e sem encanto. Sentiram-se  sozinhos,  como flor sem raíz, como manhãs sem Sol, como uma coisa que simplesmente está lá, mas que não tem nenhuma importância.
Enxugaram suas lágrimas e seguiram em frente, porque  Deus ajuda . Continuaram enxugando as lágrimas ao longo dos dias, ao longo da vida, cada qual a sua maneira.
Apesar dela ser uma mãe maravilhosa, o dia das mães é sempre uma data difícil pra ela. As meninas não sabem o que é ter uma avó, e tampouco ela sabe o que é o amor de mãe.
Mas suas filhas sabem, porque graças a Deus, existe o anti-enredo, e ela buscou ser pra suas filhas, a mãe que ela nunca teve.
Escrevo esse texto,  primeiro porque há muito tempo ele  insitia em nascer.
Segundo porque ainda hoje, ela procura por sua mãe.  Espera por ela, com o mesmo amor que a menininha um dia esperou, sentadinha no sofá da sua sala.
Procura em sites, em rádios do Paraná,  procura em segredo,procura em oração, procura por sua mãe.
E como coisas boas acontecem a todo instante , quem sabe alguém entre aqui ao acaso e conhece essa pessoa? Deus faz milagres o tempo todo e eu acredito neles. 
E  finalizo  com a cópia do “Procura-se” que ela, a menininha do sofá da sala, distribuiu  , sem sucesso, por todos os sites que ela encontrou:
Procuro por Elziana de Souza Ferreira , filha de Elza de Souza Ferreira e Teodomiro Rodrigues Ferreira e seus irmaos ,Lisete ,Silvia Jaime , Neno . Gostariamos de saber de nossa mae …. sao seus filhos Rosana de Oliveira Souza e Diana de Oliveira Souza eJulio Cesar de Oliveira Souza ,estamos ha muito tempo a sua procura ,esperamos que nos perdoe por nao ter te achado a mais tempo”.
E é por essas e outras que desacredito de mim, quando  muitas vezes penso que a humanidade não tem mais jeito.  Tem jeito sim. Porque assim como existem pessoas que dão à luz sem  ao menos serem dignas da maternidade,  existem também menininhas que, mesmo tendo sido abandonadas, ainda assim, carregam dentro de si, o amor, o perdão, a esperança do reencontro.

(Dedico esse texto à Diana, uma pessoa que aprendi a respeitar e admirar demais...)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010


“Aquela que faz os outros felizes”



Putz, já faz 10 anos desde aquele dia...
Você chegou já com aquela pressa de chegar, de ver como é que é a vida, de viver.
Lembro até a roupa que eu vestia: Uma camisa vermelha de manga comprida.
Lembro de ter (não vou chorar) ..
Lembro de ter tirado você do berço com muito cuidado, porque era tão pequenininha, que teve que ficar uns dias a mais no hospital porque nasceu antes do prazo, e teve...como é que chama aquele negócio que a criança fica amarelinha? Icterícia Neonatal ! (Thanks, Google!)
Tinha os olhos curiosos e a boca enorme....Observadora e tagarela.
Nasceu depois de uma princesinha perfeita e isso é muito complicado!
Principalmente para as cascas duras que gostam de uma confusão, mãos na água e pés no chão.
Você, pequena criatura, é uma alegria para mim.
Sabia que seu nome significa isso mesmo? ” Aquela que faz os outros felizes” ?
Sei que não falo muito, mas te observo e adoro o que vejo.
Eu te vejo!
Sei que não será nunca a ovelha acorrentada e que não há amarras capazes de te limitar.
Mas não estranhe quando pessoas comuns surgirem e tentarem estabelecer regras.
É a vida se assustando com sua sede , com sua gana de viver.
Viver muitas vezes assusta ovelhinhas felizes com suas amarras. Não se incomode com elas.
Siga , siga sempre em frente, com seus cachinhos soltos ao vento, com sua preocupação com todos, muitas vezes desapercebida pelos mais distraídos...
Siga em frente, não olhe para trás, não se distraia com coisas pequenas.
E nunca, nunca deixe se perder em você esse seu jeito doce, esse seu jeito Bia de ser...
Te amo , sabia disso?
Feliz Aniversário, flor do meu dia!

domingo, 5 de setembro de 2010

AH, EU TO TÃO ROCK AND ROLL HOJE!
TÃO ANOS 80!
SERÁ QUE ALGUEM FOI MAIS FELIZ QUE EU?







Quem sou eu?

E quem é você?
Nessa história
Eu não sei dizer
Mas eu acredito
Que ninguém tenha vindo
Pro mundo a passeio...

De onde se vem?
Prá onde se vai?
Só importa saber prá quê
Prá quem?

Pois o destino
Transforma num dia
Um menino em herói de TV...

Um dia a gente se encontra
No meio do mundo
Depois a gente se perde
No meio de tudo...

Enquanto a gente pensa
Que sabe de tudo
O mundo muda de cena
Em menos de um segundO


...UM DIA A GENTE SE ENCONTRA NO MEIO DO MUNDO...


   DEPOIS A GENTE SE PERDE NO MEIO DE TUDO....

MUITAS SAUDADES....

sexta-feira, 3 de setembro de 2010









TRABALHO VOLUNTÁRIO




A sala era pequena e mal conservada.

Os alunos pareciam estar numa feira, numa balada, em qualquer lugar, menos numa sala de aula.

A presença dela talvez tivesse causado maior agitação entre eles, afinal, havia um elemento a mais na sala naquele dia.

O tempo que se levou para fazer a chamada tomou metade da aula e ela pensou que com um ensino daquela qualidade, não se podia esperar muita coisa do futuro daqueles jovens.

Tentava inutilmente se concentrar nas suas anotações, estava ali ajudando uma ONG a organizar um Projeto Social de integração de estudantes carentes ,mas para eles, ela era uma professora.

Uma garota com menos de 15 anos, com metade dos peitos pra fora, sombra azul, blush rosa e batom vermelho contrastando com a pele negra , dezessete pulseirinhas enroladas e coloridas no braço.

Aquilo devia estar na moda, pois muitas outras pessoas usavam o mesmo adorno. Por um instante pareceu-lhe que estava nalguma tribo indígena de um local qualquer afastado da civilização.

-E aí, piriguéti,  gritou ela de sua carteira para alguém que passava nos corredores. Assim, como se estivesse na calçada de sua casa.

Pediu para ir ao banheiro. Quando voltou, a aula já estava terminando, embora nem tenha chegado a começar.

Os bons alunos, que se sentavam na frente, usavam todos eles, fones de ouvido. Quem não tinha, emprestava um dos fones do amigo, para ouvirem um sonzinho, afinal, ninguém é de ferro.

O professor atendeu alguma s ligações do celular. Negócios imobiliários. Em determinado momento, ele explicou a estagiária que aquela era uma classe com 80 % de “L.A.”

-O que é L.A., professor?

-Eles cometeram pequenos ou grandes delitos, mas são menores, e estão em Liberdade Assistida. Se não vierem a escola, vão pra a Fundação Casa, antiga FEBEM.

Que bom, pensou ela. Uma classe de menores que cometeram pequenos e grandes delitos...

O professor precisou sair por uns instantes e pediu que ela cuidasse da classe e disse aos berros:

-Se eles desobedecerem, desce o cacete, viu, professora?

Era só isso que estava faltando. Deixa-la sozinha numa sala com um bando de L.A.

Professora soou estranho, ela respirou fundo e tentou se concentrar nas suas anotações. Impossível. Parecia-lhe que aquele era um outro planeta, e ela pensou no quanto foi privilegiada a vida toda, e quantos mundos existem dentro do nosso mundo e nem nos damos conta disso.

- Mas é Brizola pura,pó dos bom, não é malhada não . Você paga pela qualidade!

Disse um garoto que não tinha mais que 16 anos a um outro mirradinho, tímido, que poderia ser filho de qualquer um de nós.

-EEEEEi, peraí, aí já tá demais! Vai querer falar de cocaína na minha frente?

-Qual é, “pssora”? O professor vende casa, eu vendo pó! Cada um no seu quadrado!

A garota de óculos ao lado , disse baixinho:

-Professora, não mexe não...Ele tem vários pontos de tráfico de drogas espalhados pela cidade. É muito respeitado aqui por todos. Já matou uns par deles assim, por nada.

Ela parou, olhou para o garoto, já em pé, apenas alguns metros dela.

-Faz um favor pra mim: Senta.

-Qual é, eu tenho orgulho do meu trabalho, não aceito que ninguém critique ele não, tá ligada?

As palavras saíram antes do cérebro pensar. A língua deve ter raciocinado mais rápido, pensou na lápide, nos 7 palmos abaixo da terra e ela respondeu:

-Qual é o seu nome?

-O nome dele é Dadinho, pssora.

-Dadinho é o caralho, meu nome é Zé Pequeno!

Todo mundo riu. Aquilo lhe soou familiar....onde é mesmo que ela tinha ouvido aquilo? Não havia tempo pra pensar e a boca sabia disso.

-Olha, eu tenho 4 bocas espalhadas por aí. Meu pai trabalhou a vida inteira nesse sol que Deus manda e só conseguiu ter uma. Só de vapor trampando pra mim, tenho uns 30.

Ela não sabia bem ao certo o que ele estava dizendo, mas se fez de tranqüila e prosseguiu:

-Eu realmente não quero saber da sua vida profissional, só não quero que vc fale de cocaína dentro da sala de aula, ok?

Aí o menino realmente se irritou: Chegando a alguns centímetros dela, disse:

-E se eu querer falá? Qual o poblema, pssora?

-O problema é que tenho trauma.

-Trauma de quê? De pó ruim? O meu é bom, qué isprimentá?

-Perdi meus 5 irmão para a cocaína. Morreram 4 de overdose e um de Aids.

Silêncio na sala. Um silêncio que não aconteceu desde o inicio da manhã.

-Puta que o pario. Morreu os 5 irmão?

-Sim, os cinco.

Ela ainda não sabia de onde é que surgiram os irmãos, as mortes, mas enfim, a boca falou e ela acatou.

-Porra, pssora, que falta de sorte, meus pesares aí pra senhora sua mãe, seu pai...

-Meu pai já morreu também.

-Overdose, pssora?

-Não. Cirrose.

-É....os pais que dá os exemplo! Cachaça faz mais mal que qualquer bagulho aí, mas é liberado!

Ela permanecia quieta e calar-se em situações de stress era um exercício que ela tinha que aprender a dominar.

-Meu pai me deu bom exemplo na vida. Ele vende, mas não usa. Eu também. Vendo , mas não sou viciado, tá ligada? Dou uns tiro de vez em quando.

-Tiro? Tiro onde? Você tá armado?

-Professora, “tiro” quer dizer que a pessoa usou cocaína, disse baixinho a de óculos.

-Entendi.

-Mas não sou viciado não. A senhora tem alguma coisa contra?

-Eu já disse que tenho trauma de cocaína porque perdi 5 irmãos por conta disso, mas é diferente, né, porque aqueles desgraçados eram viciados. Você não. Você é trabalhador!

-É, sou mesmo. Ralo pacarái! Mas, olha, vocês tiveram azar....Morreram os cinco mesmo?

-Pois é.

-Só teve a senhora de mulher?

-Não.

-Então tem mais irmã viva?

-Tenho mais duas.

-Não mexem com tóxico?

-Não vejo Cecília e Carolina há anos. Elas são prostitutas, moram na capital, não sei da vida delas.

Nesse momento ela não pode evitar a vontade de soltar uma gargalhada. Imaginou as irmãs, prostitutas na capital, ”usando salto 15 e saia de borracha” mas segurou-se pra rir mais tarde, quando estivesse fora de perigo.

-Aí já melhora, né , pssora. Melhor prostituta viva que viciado morto!

-Pois é.

-Então só a senhora que tá bem na fita, hein....

-Bem.

-Então, mas tenho uns doce aí, caso a senhora queira pegá leve...Só pra não ficá excluída da família, né?

Nesse momento o professor retornou, e lhe pareceu um anjo caído dos céus, no exato momento que ele se fazia essencialmente necessário. Mais um pouco e a pobre moça estaria comprando um doce e mais umas duas aulas e ela acabaria convencida que ser vapor dava mais lucro que pegar o giz e tentar ensinar alguma coisa que valha àquelas crianças....

Este é o Brasil, o Brasil do Lula, o Brasil da Dilma, o Brasil que muitos falam, mas poucos conhecem.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010


                                    Para se pensar

Ontem estávamos nos amando um pouco, pois por conta de tantos compromissos com estudos, tarefas e cobranças, temos tido pouco tempo pra nos amar.
Deitadas na cama, jogávamos Combate enquanto conversávamos sobre trivialidades.
-Mãe, no seu tempo de criança , as lendas urbanas eram as mesmas de hoje?
-Claro que não. Aliás, no meu tempo nem existia lenda urbana. E a gente era praticamente rural, né...
- kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, ai mãe!
-Sério. E pare de esticar o pescoço pra ver minhas peças, senão eu simplesmente não brinco mais.
-Eu to só espreguiçando!
-Espreguiçando o pescoço. Sei.
Aí ela quis que eu contasse das coisas que eu tinha medo quando criança, ou melhor, das “lendas urbanas”.
Parei, pensei, pensei...eu não tinha medo de nada. É claro que tinha a mulher do saco, que passava e levava as crianças pra comer no jantar, mas não na minha cidade.Em minha cidade só tinha a Tianinha e essa nunca botou medo em ninguém.
Do que mais eu tinha medo? Ah, sim, Tinha o Bi !
Na verdade, eu não sei porque eu tinha medo do Bi. Ele nunca fez mal a ninguém, mas me apavorava ver um homem que tinha certeza que era carro, passar todo dia correndo em frente a minha casa, parar a cada esquina, esperar o sinal imaginário abrir pra ele passar buzinando...
E tinha o Roberto, nosso vizinho, que desde que me conheço por gente, andava o dia inteiro de uma esquina a outra, falando sozinho, esbravejando. Parece que ele era muito inteligente e dizem que de tão inteligente, enlouqueceu. Também não sei porque eu tinha medo dele. Nunca fez mal a ninguém.
Agora pensando, acho que a loucura não afeta de nenhuma maneira a índole das pessoas. Uma pessoa boa , pode enlouquecer, perder totalmente a sanidade, sem perder seus valores morais.
Já os estupradores, assassinos, as pessoas más, não tem sanidade. Tampouco valores morais.
São esses os que devemos temer.
Mas não falemos de coisas ruins!
Pois havemos de reconhecer que existe uma certa graça, um certo tom lúdico na loucura.
Viver um mundo à parte, sem importar-se com conceitos pré -estabelecidos, viver cada dia sem sentir o medo do que há por vir, não importar-se ou não pensar que pessoas sempre nos julgam, não envelhecer! Os loucos não envelhecem!São sempre eles, num espaço organizado num determinado tempo que parou dentro de suas mentes.
Acho que dentro de cada louco, existe uma esperta criança, que o segura pela mão, e não o deixa ir....
-Então tinha um monte de louco na sua cidade, mãe?
-Um pouco. Não mais que hoje.
-E você tinha muito medo deles?
-Não.
-Não?? Mas eles eram loucos!!!
Expliquei que não devemos temer os loucos.Devemos temer os maus.
-Mas se a pessoa é louca.....ela não sabe o que é certo ou errado. Pode matar achando que tá certo!
-Aí a pessoa não é louca. Ela é má. Repare que geralmente nós chamamos de loucura tudo aquilo que é diferente .Nós julgamos, sem questionar, sem querer conhecer, porque é mais fácil rotular do que reconhecer que existem outros pontos de vista diferentes do nosso, e classificamos como estranhas ou erradas pessoas ou idéias que não correspondem aos padrões pré estabelecidos , a que estamos acostumados.
-Não sei se entendi...
-Em outras palavras, todos aqueles que ultrapassam a fronteira, que se desprendem das amarras , são classificados como loucos.Mas nem todos são. O que tem que se saber é qual é a fronteira entre a sanidade e a loucura?
-Não sei.
-Pois é. É difícil de saber. É difícil saber onde é o limite , onde termina o real e onde começa a loucura. E os loucos também não sabem.
Uma vez me disseram que eu era louca por acreditar que o amor existe , e procurar por ele, tendo toda uma vida organizada, estabelecida e garantida.
-Mas isso não é loucura. É coragem!
-Pra você, pra mim! Mas para muitos, é loucura.
-Então não dá mesmo pra saber o que é loucura .
-Não, não é fácil.
-Mãe, Deus ama os loucos?
-Penso que Deus ama todo os seus filhos, mas se entristece com os maus.
-Então é melhor ser louco do que ser mau?
-Acho que sim, né?
-É, eu também acho isso. É melhor ser louco e não fazer mal a ninguém, né?
-É!
-Você , por exemplo, às vezes parece meio louca, mas é muito boa pra mim. Até quando eu digo que você é má, eu sei que está só me educando.
-Que bom que você pensa assim!
-Sinal que eu não sou louca , né?
-É, apesar que ficar picando papel higiênico enquanto está fazendo o número 2, me parece coisa de gente louca....
-Mãe, vamos voltar ao nosso jogo.
..........E fim!

“ Um mal não é um mal para quem não o sente ; Que te importa se todos te vaiam se tu mesmo te aplaudes ? ( Erasmo de Rotherdan )

segunda-feira, 30 de agosto de 2010



NÃO FALE. DÊ EXEMPLOS.




Ter Filhos é uma bênção divina, é a razão primeira da mulher existir.

Todas as meninas brincaram de casinha, almejaram ser mães, ver a barriga crescendo, o corpo se modificando pra receber outra vida, parir, amamentar e ver no outro ser a sua continuidade. É natural, é a vida em sua forma mais perfeita...

Mas educar não é nada fácil... A gente lê livros, conversamos com as amigas, procuramos psicólogos para nos orientar nessa difícil tarefa que é ensinar o melhor e da melhor maneira para nossos filhos, mas creio que a grande verdade, é que a melhor maneira de educar, é de fato, dando exemplos.

De que adianta a gente proferir doces e meigas palavras, com voz de menininha , dizer aos quatro cantos que somos “pessoas do bem” , quando nossas atitudes mostram exatamente o contrário?

De que adianta ensinar ao filho que não se deve mentir, se mentimos , seja pro telemarketing, seja para aquele convite que não estamos interessados em aceitar ,mas mentimos?

De que adianta dizermos que temos que ser corajosos, assumirmos nossos erros, se quando erramos, num segundo momento, já estamos lá, tentando nos fazer de vítimas da situação, agindo como as piores vítimas das injustiças do mundo?

A gente ensina , é com exemplos, é com atitudes!

Quando erramos, devemos sustentar nosso erro , nos desculparmos e seguir em frente de cabeça em riste, sem atacarmos ou ofendermos ninguém pelos erros que cometemos. Isso é ser homem, isso é ser mulher e ser forte e ter dignidade. Porque palavras, são fáceis de proferir, mas atitudes são mais difíceis de sustentar, e quando as palavras não condizem com as atitudes, aí já era: Você não engana mais ninguém.

Quando concluímos que determinadas pessoas não nos acrescentam nada na vida, simplesmente nos afastamos e seguimos em frente, sem olhar pra trás. De preferência , desejando que quem ficou pra trás tenha tudo aquilo que merecer da vida.Se esse tudo é bom, ou ruim, não cabe a nós julgar, nem desejar coisa alguma.

Nossos filhos sempre terão sua própria personalidade, seu próprio caráter, mas os exemplos que passamos , eles levarão com eles pra sempre. Por isso nunca passei a mão na cabecinha da minha filha, nunca a apoiei nas burradas que ela fez. Sempre mostrei que todos os atos, tem conseqüências e assim ela vai crescendo , consciente do certo e do errado.

Reflitamos sobre nossos atos, sobre os exemplos que temos dado a nossos filhos, a nossos amigos, enfim, às pessoas que passaram e passarão por nossas vidas.

Porque caminhos de trevas não existem. O que existe é nossa própria incapacidade de sermos luz, de iluminarmos tudo....


.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

EU TE AMO PORQUE...






POSTEI ESSE TEXTO HÁ UNS 6 MESES ATRÁS.
QUEM QUISER É SÓ ENTRAR NOS MEUS PRIMEIROS TEXTOS E PODERÁ VER.
DE REPENTE, ASSIM, DO NADA, RESOLVI POSTÁ-LO NOVAMENTE.
TEXTOS, CRÔNICAS, SÃO COMO FILHOS.
A GENTE AMA, A GENTE CUIDA E ESPERA QUE NINGUÉM NOS PLAGIE
NEM DIRETA , NEM INDIRETAMENTE.AFINAL, ESCRITORES  DE TALENTO, NÃO PRECISAM COPIAR A IDÉIA DE NINGUÉM, POR MAIS LINDA QUE ELA SEJA, POR MAIS TENTADOR QUE POSSA SER.
POIS SER ORIGINAL E HONESTO, É AINDA O MELHOR VERSO.


 Eu te amo porque...


Eu te amo porque você chegou como ninguém antes havia chegado
E invadiu tudo sem perguntar se podia.
Eu te amo porque meu sorriso é mais largo
Quando sorrio com você.
Eu te amo porque você me chama de Xú,
E tem Olhos de Ressaca,
De cigano obliquo e dissimulado.
Eu te amo porque seu short é rasgado e feio
E quando você dorme , sua boca faz um biquinho lindo....
Eu te amo porque você é paciente comigo
e vive me dizendo pra eu acreditar no seu amor
Eu te amo porque você fica bravo quando perco seu isqueiro
E porque você diz que as formigas não existem.
Eu te amo porque você pede pra eu fazer risquinho em suas costas.
Eu te amo porque você reclama quando peço pra coçar as minhas ,
Mas só você entende a dinâmica da minha coceira .
Eu te amo porque você come vinte e cinco brigadeiros
De uma só vez
E depois fica com medo de morrer de hiperglicemia.
Eu te amo porque você tem a estranha mania de segurar
meu pulso e me imobilizar com suas pernas enquanto dormimos.
Eu te amo porque ninguém imita garça do brejo igual a você
E porque tem uma bondade que me emociona.
Eu te amo porque você é sacana e sem vergonha o tempo todo.
Eu te amo porque você dá os dois toques no meu celular,
Come de boca aberta e faz as comidas mais espetaculares do mundo.
Eu te amo porque você gosta de pizza com cat chup
E detesta os filmes que eu alugo.
Eu te amo porque quando brigamos por causa do seu mau humor humorado
Você pede desculpas
E vejo em você a vontade absurda de que as coisas dêem certo.
Eu te amo porque você tem insônia
e eu sempre posso dormir com você velando meu sono
E quando eu fico doente, mesmo que esteja cansado,você nunca dorme antes de mim
Eu te amo porque você um dia me chamou de deliciante
E aquela foi a cantada mais tosca e gostosa que já ouvi.
Eu te amo porque você permitiu que eu desorganizasse totalmente a sua vida
E porque você tem o hábito irritante de nunca falar mal de ninguém
Eu te amo porque suas pernas se encaixam nas minhas
E meu corpo adora o seu calor
Enfim
Eu te amo porque você faz cantar a melhor musica dentro de mim.

Postado por lu trevejo às 22:31

Reações:

 10 comentários:


joseane disse...


Essa é a maneira de amar mais esquisita que eu já ví na minha pequena experiência, mas sem dúvida, a mais sincera de ambos!Fico feliz por poder ver toda essa amorosidade entre vocês dois.
16 de abril de 2010 00:21

lu trevejo disse...

Xupetaaaa...
O amor não faz sentido,
Não tem coerência
E nenhuma explicação!
Tanto é verdade que...
Eu amo otê!!!!
E sabe quanto que eu amo??
Cinco Real!
16 de abril de 2010 00:22



Thiago Prestes. disse...


Deliciante!!! Deliciante!!! Não foi uma cantada, meu bem. Foi uma revelação!!!
Te amo Xux!
16 de abril de 2010 01:47



lu trevejo disse...


úi!
16 de abril de 2010 02:41



Clarinha disse...


Ai que coisa mais linda =]]]!!! o melhor é ver quando vc pega peixinhus e ele nao kkk!! ai o bicho pega kkkkk
amo vcs!!!
16 de abril de 2010 14:12



lu trevejo disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk...............................................Amo vc também, coisa mais linda do mundo!
Saudades, pernããão!
16 de abril de 2010 14:19



TaTi Barzotto disse...

É mto lindo o texto!
Que AMOR gostoso hein!
4 de maio de 2010 09:37



lu trevejo disse...

Delicioso, Tati.
 4 de maio de 2010 14:27


maria josé disse...


Amei essa declaração....fico feliz por esse amor que sentem dessa maneira. Torço muito por você, viu?
Beijos
5 de maio de 2010  15:45

quarta-feira, 25 de agosto de 2010


Quincas Berro d’água


Acabamos de assistir Quincas berro d’água. Rimos tanto, que até choramos. Ríamos e dávamos um pause pra podermos rir mais, e comentar as frases, as caras, as bocas... Ainda estou rindo. Que coisa boa sorrir.... Os dias estão corridos e não tem me sobrado tempo pra divagar,de modo que por esses dias não vai dar pra escrever longos textos.Mas como tinha que escrever para o Jornal que sou colunista ( embora meu editor seja maravilhoooso e nããão me cobre rigor com datas de postagens, meus leitores cobram, então fiz pra lá e colei pra cá e ficou tudo certo!)  .Não posso deixar de comentar, ainda que brevemente meu encantamento pela história lida quando menina, com meu limitado entendimento ,e agora pelo filme deliciosamente baiano. A velha malemolência baiana que tanto amo... Quem ainda não assistiu, perdeu de ver uma Marieta Severo perfeita :

-Ele não veio, o que faço com o bolo?
-El buelo?
-É, o bolo.
-Jo que tiene El buelo?
-O que eu faço com o bolo?
-El buelo? Enfia no cuelo!

Gente, que pena não haver mais Jorge Amados por aí! Coisa ruim nasce em série, né?
E oque é aquela cara de  choro e  sorriso intermitente e impagável de Flávio Bauraqui, que eu jurava que era Lázaro Ramos? E por aí vai.... Um grande elenco.

“assim é o mundo, povoado de cépticos e negativistas, amarrados, como bois na canga, à ordem e à lei, aos procedimentos habituais, ao papel selado.”

Eu poderia, se o tempo assim me permitisse, discorrer longamente por essa, que talvez seja a mais bacana obra de Jorge Amado, que fala sobre um homem que deixou de ser ovelha pra viver sua história (cada qual que escreva a sua), mas a frase acima resume tudo o que diz o livro.
Finalizando esse simples e breve texto, deixo vocês com o poema final:

“cada qual cuide seu enterro…
me enterro como entender
na hora que resolver.
Podem guardar seu caixão
pra melhor ocasião.
Não vou deixar me prender
em cova rasa no chão.”
E foi impossivel saber
o resto de sua oração.”


Jorge Amado

terça-feira, 24 de agosto de 2010

HOJE É SEU ANVIERSÁRIO, MEU AMOR!


Amor da minha vida!


Hoje é seu aniversário!
Nem sei quantos mil anos você faria se estivesse aqui!
Fico tão feliz em ter esse espaço, onde falo de amor, de felicidade e dos bons momentos vividos!
Me lembro que vc me dizia que logo que você partisse, a gente nem se lembraria mais de você e que as fulores ficariam casa vez mais raras em sua lápide.
Uma vez li em algum lugar que uma pobre e infeliz criatura, subia todos os dias em cima do muro e gritava
aos vizinhos:

"Olha, eu sou muito feliz sem vocês, viu? Vocês são pessoas más,e eu sou boa! Sua
presença é indiferente em minha vida!Eu tenho moral e dignidade e vocês não! Eu nao ligo a mínima pra vida de vocês , vocês sao tristes e eu
sou feliz! Vocês apenas fingem-se de felizes enquanto eu nao! Eu sou feliz de ver-  da  -de!   
 E até já me  esqueci de vocês!  Nem me lembro mais que vocês existem!"

E fazia isso toooodos os dias de sua vida .   (Paradoxal, não acha?)

Todos os dias as crianças " infelizes" comoviam-se , pois sabiam do peso que ela levava consigo.
Sentiam pena e nada faziam.
Apenas  seguiam  "tristes",
Brincando em seus imensos quintais cheios de amigos e vida.

Enfim, vozinho, as pessoas só morrem quando deixam de ter importância nas nossas vidas, ou sejam: as
pessoas só morrem quando deixam de ser lembradas.
E você está vivo na minha vida todos os momentos. Não houve um único dia, desde que você se foi, que eu
não tenha pensado em você.

Eu te amo, e procuro ser sempre uma pessoa melhor, para que você tenha sempre razões pra se orgulhar de
mim.
Como é bom olhar pra traz e não carregar remorsos ou culpas! Estive ao seu lado sempre , vc nao se foi
sozinho ou abandanado. Nós é que ficamos sozinhos, mesmo no meio da multidão, com a sua partida.

Eis o seu bolo preferido! De chantily, coberto com fio de ovos e cerejas!

Amo você, pra vida toda!

( O homem que vive na paz, não dá a mínima pra guerra ..)

segunda-feira, 23 de agosto de 2010



HOJE FAZ 15 ANOS.
JÁ ESCREVI MUITAS CARTAS PRA VOCÊ.
LHE RENDI MUITAS HOMENAGENS.
A ULTIMA, FOI ESSE VIDEO, ONDE TEM VOCÊ, O VOVÔ, O GÁ , O MEU E O SEU PAI.
MAS HOJE NAO.
HOJE NÃO ESCREVO NADA.
O CORAÇÃO NÃO PERMITE
O PEITO SE FECHA E A GARGANTA TAMBÉM.
MEUS DEDOS SE RECUSAM E A SAUDADE DÓI MAIS DO QUE NOS DIAS NORMAIS
E O MEU LUTO, PARECE QUE NUNCA TERÁ FIM....

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

CELEBREMOS A VIDA!!
















Viver ou juntar dinheiro?

 Max Gehringer


 Há determinadas mensagens que, de tão interessantes, não precisam nem sequer
de comentários. Como esta, que recebi certa vez. Abre aspas. Li em uma
 revista um artigo no qual jovens executivos davam receitas simples e
 práticas para qualquer um ficar rico. Aprendi, por exemplo, que se tivesse
 simplesmente deixado de tomar um cafezinho por dia, nos últimos quarenta
 anos, teria economizado 30 mil reais. Se tivesse deixado de comer uma pizza
 por mês, 12 mil reais. E assim por diante.

 Impressionado, peguei um papel e comecei a fazer contas. Para minha
 surpresa, descobri que hoje poderia estar milionário. Bastaria não ter
 tomado as caipirinhas que tomei, não ter feito muitas das viagens que fiz,
 não ter comprado algumas das roupas caras que comprei. Principalmente, não
 ter desperdiçado meu dinheiro em itens supérfluos e descartáveis. Ao
 concluir os cálculos, percebi que hoje poderia ter quase 500 mil reais na
 conta bancária. É claro que não tenho esse dinheiro. Mas, se tivesse, sabe o
 que esse dinheiro me permitiria fazer? Viajar, comprar roupas caras, me
 esbaldar em itens supérfluos e descartáveis, comer todas as pizzas que
 quisesse e tomar cafezinhos à vontade.

 Por isso, me sinto muito feliz em ser pobre. Gastei meu dinheiro com prazer
e por prazer. E recomendo aos jovens e brilhantes executivos que façam a
 mesma coisa que fiz. Caso contrário, chegarão aos 61 anos com uma montanha
de dinheiro, mas sem ter vivido a vida. Fecha aspas.

Max Gehringer
 
(É claro que pra quem  a natureza nao foi generosa e a cabeça não ajuda, ir à praia é  um tormento.
É claro que pra quem é hipócrita e crê num Deus vingativo e com mãos pesadas, beber uma caipirinha é pecado (falar e desejar o mal dos outros e dar o toba a estranhos não, né?)
É claro que para quem é cafona, comprar roupas bonitas é um item inexistente.
É claro que para quem tem poucos amigos, dar uma festa é algo até vexatório, pois festa boa é festa repleta de pessoas que te amam e nao meia duzia de gatos pingados que sabem que foram convidados pra preencher espaços vagos. Vagos por pessoas que desistiram de estar por perto. Que se foram pra nunca mais voltar.
É claro que para quem é triste , solitário e infeliz, dinheiro não traz felicidade.
Aliás, para os infelizes, coisa alguma traz felicidade....)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

...'MAS ERA FEITA COM MUITO ESMERO, NA RUA DOS BOBOS, NÚMERO ZERO!"

Ela tinha pouco mais que 5 aninhos,

E estávamos num restaurante da cidade onde íamos todas as quintas-feiras para comermos, rirmos , nos reunir com os amigos e cantar no karaokê, coisa mais gostosa do mundo, que não sei por qual razão caiu em desuso.
Ela corria pra tudo quanto é canto, e como se cansou, pediu que fôssemos embora.
-Não vamos não! Tá cedo ainda e hoje é meu dia de brincar!
Ela olhou bem pros meus olhos e sorriu.  Ela me via. E conhecia muito bem a menina que vivia brincando com ela, toda suja de terra e areia e cheirando a biscoito, que só ia embora quando a mãe tinha que entrar em cena.
Alguém me pediu pra cantar duas músicas.  Lembro-me que eram “Asa Morena” e “Foi Deus que fez você”.
Reparei enquanto cantava, que ela parou , assim, com um brinquedo nas mãos e ficou me observando.
Quando terminei, fui ter com ela.
Sentei no chão, como costumava fazer naquela época, para estarmos sempre no mesmo nível , desprezando os olhares de estranhamento que as pessoas ditas normais lançavam sobre nós e ignorando o que pensavam a meu respeito, pois sei que pensavam. Sempre pensam.
-Mamãe, canta a múzca da casa?
-Agora mamãe já cantou 2 músicas, vamos esperar as pessoas cantarem e logo logo eu canto, ok?
-Então fica na fila.
-Não precisa, meu anjo.
Chegou minha vez, e antes de cantar, eu disse:
-Essa música vai para a pequena criatura que é dona da minha casa, a Princesinha do meu castelo!
Cantei e voltei a ela:
-Pronto, gostou? Eu cantei só pra você!
-Mãe, o que significa “esmero” ?
Explicar certas palavras a uma criança requer uma certa sabedoria...Pensei, analisei a idade mental e cronológica, e disse:
-Esmero significa cuidado, atenção, capricho! Sabe quando a mamãe te diz pra escrever mais redondinho, mais caprichadinho?
-Sei
-Sabe quando você vai pintar um desenho e te falo pra tomar cuidado pra não pintar pra fora do contorno?
-Sei
-Então. Tudo isso é esmero! É ter atenção e carinho com as coisas que fazemos, entendeu?
-Entendi.
Fiquei observando aquela pouca coisa, que revirava o brinquedo entre os dedos, com os olhos distantes e tentava imaginar a que distância era capaz de ir o pensamento de uma menininha daquele tamanho, até onde aquela mente alcançaria e o que exatamente ela estaria pensando naquele momento.
-Mãe, posso te pedir a bênção?
-Mas agora?
-É, mamãe.Agora.
-Pode, meu anjo!
-A bênção, mamãe.
-Deus te abençoe, filha.
-Mãe?
- Oi.
-Sabe o que eu to pensando ?
-Não, o que você está pensando?
-Você é uma mãe feita com muito esmero.
O casal sentado na mesa ao lado, não se conteve. No sábado da mesma semana, publicou no jornal da cidade um texto contando o acontecido.
Não sei se ainda tenho guardado, mas prefiro a minha versão e falar sobre isso me inunda de orgulho e felicidade...

( Filha, essa foi pra você , que como uma pisciana infinitamente carente, me cobrou que eu falasse mais de você por aqui.)
Te amo.