Seguidores

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011



Presentinho

Semana passada fui presenteada com o desenho acima, e um poema que foi escrito no verso do desenho.
Tentei me conter, botar em prática a minha infinita modéstia , que aliás é uma de minhas mais admiráveis qualidades, relutei, relutei muito, mas foi mais forte que eu; de modo que segue abaixo , texto original, sem correções ortográficas .
Existem presentes, que nao tem preço, e vem embrulhados em papel que cheira morango ainda no chão, tem sabor de sapotí e faz com que a vida valha a pena.



Para a minha flor

Espero que fique contente
Pois com amor eu lhe fasso
Uma flor fluorescente
Para te dar de presente.
Uso o trasso
Do compasso
Cor de lápis diferente
Pra mostrar como é amada
Mas isso não é nada
Juro pela mae de Deus sagrada:
Serei competente e esforçada
Ou seja: muito diferente
Pra fazer voce feliz plenamente!
Agora finalmente
Pesso um beijo caprichado
Agradesso por me ter no mundo colocado
Pra ser parte da sua familha
E eu poder ser sua filha.



Autora: Lívia Trevejo Della Coletta

(texto publicado sem a autorização da autora)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Do chão não passa





-Mãe, eu tive um sonho estranho...
-Sim.
-Não vai perguntar o que eu sonhei?
-Desculpa, filha, o que você sonhou?
-Sonhei que minha barriga era bem gorda até uma parte, depois afundava e aparecia os ossos, de tão magra que a minha barriga era.
-Como assim? Metade gorda e metade magra?
-É, era uma barriga dividida em duas partes: uma gorda e outra magra.
Fiquei pensando e logo ela veio com a pergunta:
-O que você acha que isso significa?
-Ah, não sei. Talvez uma parte de você queira comer muita guloseima, e a outra parte queira emagrecer para ficar melhor nas suas roupas , né?
-É, pode ser. Mas hoje eu ainda vou tomar sorvete, pois as férias não acabaram.
-Ok.
-E você, mãe?
-Eu não quero sorvete.
-Não, mãe! O que você sonhou?
Pensei por breves instantes e me veio à memória meu sonho de hoje.
-Sonhei que tinha fraturado um osso da canela. Não doía, mas eu sentia a agonia de ter que resolver a questão, sem saber o modo correto de fazê-lo. Aí abri o corte com minhas mãos, via carne, fibras e uma quantidade de gordura, e como não havia outro jeito, retirei o pedaço do osso quebrado, de modo que não saberia se teria ainda estrutura suficiente para parar em pé.
-Nooooooossa, acho que vou desmaiar!
-Ah, você perguntou o que sonhei, só estava te contando, oras...
-Tá, continua que eu quero saber o final do sonho.
-Não tem final. Sonhos não são como filmes ou historias de livros.
-Mas o que aconteceu depois? Você conseguiu andar ou não?
-Consegui, mas com aquela sensação horrível de insegurança, achando que a qualquer momento, a qualquer escorregão, a qualquer trepidação, eu pudesse ir ao chão.
-Poxa....
-Mas agora é sua vez de me dizer o que acha que meu sonho significa.
Na lata, ela respondeu:
-Acho que você se machucou demais, e teve que se curar sozinha. Você arrancou aquilo que estava te incomodando, fez o que acreditou que tinha que ser feito, mas não está segura de que fez certo, por isso sentiu esse medo de não conseguir se equilibrar.
-Ei, me diga uma coisa, mas não minta pra sua mãe: Você é mesmo uma menininha de 11 anos?
-Ah, claro que não, né, mãe! Mês que vem eu já faço 12. Vai ter festa , piscina e muito brigadeiro? Quero esquecer aquela parte do sonho que a minha barriga é magra.Deixa ela como ela é. E você devia fazer o mesmo e aceitar as coisas como elas são.Pode dançar, pode pular! Suas pernas agüentam sim!!!
E se você cair, mãe, do chão não passa!