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quinta-feira, 24 de junho de 2010

( Para minha irmã Daviane, com amor )

A HISTÓRIA DA GALINHA




Eu era pequena, mas já conhecia os 10 mandamentos e sabia que “não matar” , era um deles.

E sabia também ,que embora todos os meus dentes fossem ainda de leite, eu era uma mocinha, tinha que cuidar da minha irmãzinha. Não vou citar o nome dela aqui, porque não tenho a intenção de queimar o filme de ninguém!
No nosso quintal tinha algumas bananeiras, terra roxa, que com um pouco de água e imaginação , me davam deliciosos brigadeiros , algumas galinhas e pintinhos ciscando aqui e ali e o meu pé de goiaba. Não era Laranja Lima, mas eu conversava muito com ele, e passava mais tempo lá entre os galhos mais finos do que em terra firme.
Minha irmã nessa época era assim , vamos dizer...meio bobinha, pra não pegar muito pesado.
-Óia os pintinhooo!!!!!!!Túúúúúdo amaleliiiiinho!!!
-Não chega perto não que não pode!
-Pur que não pode?
-Porque o vovô falou que galinha fica brava quando tem filhinho e morde.
-Pur que morde?
-Porque ela pensa que a gente quer roubar os filhinhos dela e morde.
-Mas eu quero roubar . Mas é um só.
-Não pode.
-Pur que?
-Porque não .
Voltei pros meus afazeres sem nenhum estress ou preocupação. Estava tudo resolvido.
Além de cuidar da pequena criatura, ainda a eduquei. Eu era mesmo demais. Que orgulho sentia de mim mesma  às vezes...
De repente, eu ouço aquela gritaria. Eu nem tinha virado as costas e a danada estava lá querendo seqüestrar o pintinho.
A cena era dramática: ela corria e gritava e conforme corria, seus cachinhos balançavam (sim, ela tinha cachinhos naquela época e seus cabelos não eram vermelhos não. Eram dourados!) e a galinha correndo atrás dela.
-Corre pra cá que eu te pego e você sobe na goiabeira comigo, corre!
Ela só gritava:
- AAAAAi Nossa Sinhora!!!!

Era uma patifinha mesmo. Eu avisei, eu expliquei! E até que tava engraçado aquilo.
De repente, a peste da galinha bicou a rendinha da calcinha dela.
Sabe aquelas calcinhas de antigamente, que na parte de trás tinha um monte de babadinhos franzidos? Pois era aquela calcinha que ela usava e conforme a galinha bicou, o babadinho foi se desfazendo. Parecia coisa de cinema. A galinha não abria mais o bico e quanto mais a dona da calcinha corria, maior ia ficando a rendinha.
Foi quando percebi que seria necessário uma intervenção .
Retirei o laço da verdade do bolso e comecei a rodopiar dentro dele. Um segundo e já não era mais eu.
Parti pra cima da galinha, e nada dela desistir. Rapidamente minha mente de Mulher Maravilha entrou em ação e fui em direção aos pintinhos, na genial intenção de distraí-la. Não surtiu enfeito.
Agora me digam: o que mais me restava? Era uma gritaria minha, da galinha e da dona da calcinha (que só sabia chamar por Nossa Senhora) , e nada de aparecer alguém. Mirei um pedaço de pau, que depois ninguém entendeu como eu consegui levantá-lo dado o meu estado de retirante desmamada e desnutrida.
Mas ninguém sabia da minha identidade secreta!! e eu jamais poderia revelá-la a ninguém...
O fato é que quando corri em direção a elas, a criatura da frente parou , provavelmente cansada, no canto do quintal , abaixou-se de costas pro mundo, colocou as mãozinhas na cabeça e dizia: AAAAAAi, Nossa Sinhora, ai Nossa Sinhora!
Foi quando cometi meu primeiro assassinato. Matei a galinha a pauladas.
Segundo minha bisavó, nem pra assar , teve jeito.

É que me empolguei, e fiquei tão feliz com o silêncio da galinha, que continuei batendo. Só ouvia o “AAAi, Nossa Sinhora”, que ainda levou um certo tempo pra parar.
É claro que depois de tudo resolvido, chega a tropa de choque:
-Maaaar miniiiiiina, o que é que tu fez com a galiiiiiiiinha?? ÔÔÔÔ judiaçããããão!
-Valha-me Nossa Senhora! Matou-se!
-Não, bisa! Eu que matei.
-AAAi, Nossa Sinhora...
-Mas pru causa de quê você fez uma desgracêra dessa com a bichinha, filha? Galinha não faz mal pra ninguéém!!
-AAAAAi Nossa Sinhora!
-O que é que essa menina tá fazendo agachada no canto com as calcinha tudo rasgada e não para de falar Ai Nossa Senhora?
-Oxenti, que é o fim do mundo. A menina matou a galinha....
-Hômi, rapáiz, uma galinha tão gorda...tão bunita.....
Olha, demorou foi muito tempo pra todos entenderem que eu não era a vilã e sim, a salvadora, a Mulher Maravilha de bota vermelha, capa dos Estados Unidos, diadema e braceletes em punho. Até pensei em lançar mão do laço da verdade a fim de que a pequena contasse ,enfim, como tudo aconteceu, mas não obtive sucesso. Ela só sabia mesmo dizer:
-Aaaaaai, Nossa Sinhora....
Depois de tudo passado, fui recebida não como heroína, mas como a menina que defendeu a irmãzinha mais nova. Achei um pouco injusto, afinal, o ato foi heróico, digno de Diana Prince .
Mas fico feliz em pensar que de tanto gritar por Nossa Senhora, pelo menos evangélica, aquela criatura não virou. Dos males, o menor !

14 comentários:

  1. Essa história é verdadeira? assassina de galinhas! eu desconhecia esse fato, muito embora não me apiede das penosas, pois sempre tive muita incompatibilidade com as mesmas,mas todo esse relato me trouxe à lembrança, o quintal, o quanto vc era realmente magra, vcs sempre de calcinhas devido ao calor, e os cachinhos louros da Davi! quantas saudades....

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  2. Tia!!!! Não podia falar que a irmã era ela!!
    Era segredoooooo!!!!!!!
    Ninguem sabia!!!!!!
    Saudades mesmo....muitas saudades.

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  3. "Se eu não lembro, eu não fiz!"
    Aiii , Nossa Sinhora!
    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

    Não lembro de nada além dos meus cachinhos loiros e das calcinhas com rendinha!

    Aii, Nossa Sinhora!

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  4. Meu Deus, eu sabia da história da galinha, mas nunca que houve um crime de assassinato esse dia...Ave Mariiiiiiiiiiiaaaaaa(só pra não repetir: Nossa Sinhooora)

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  5. Só vc mesmo hein lu...
    bjos a todos saudades !!!!

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  6. Davi,
    Vc nao lembra de nada , né?
    Eu entendo. Tmabem nao lembro daquela historia sinistra envolvendo eu, vc e o Alê.
    Acho que vc sonhou....

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  7. Léo, saudades muitas de vc.
    Jo, amor, isso é do tempo que galinha tinha dente (aquela mesma galinha que depois perdeu os dentes porque se recusou a dar leite pro Menino Jesus, lembra?)

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  8. Me desculpe! falha minha! mas todo mundo sabe que vc não tem tantas irmãs assim,e que quando era pequena só conviveu com uma, portanto, acho que minha gafe não foi tão grande assim! eu não disse que não gosto de comentar? vc insiste... dá nisso!vc tem que compreender que já estou entrando na terceira idade!

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  9. Tiaa
    Adooooro quando voce comenta. Já te disse que precisa criar seu blog!
    Claro que é brincadeira, né, amor?
    bjo bjo

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  10. Obrigada pelo comentário no meu blog. Me diverti mto com a história da galinha uhauhauhauhuhauhauhauha. Aiiiiiii Nossa Senhora

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  11. Aí minha Nossa Sinhora!!!kkkkkkkkkk,muito engraçado,estou rindo muito aqui.Mas que pestes ,as duas,coitada da galinha e dos pintinhos que ficaram orfãos.Não deu nem pra assar?Imagino,não vou comer frango por uma semana.
    Como sempre uma boa história e bem escrita.
    Bjs

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  12. kkkkkkkk oô cuitadinho dos pintinhos ficaram sem sua marvada mãe kkkk. Eu tive meu primeiro surto matando todos os patinhos da minha avó kkkk.
    E hoje toda vez que me acontece alguma coisa errada eu digo: EU MATEI OS PATINHOS DA MINHA AVÓ!!!!!!! KKKKKKKKK
    bEIJOS lÚ AMEI
    RITA

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  13. AMeiiiiiiiiiii teu blog e deu inúmeras rizadas com essa história. hauhauhaa

    Bem, querida, gostaria de convidar vc a visitar meus cantinhos (Femininus, Casados e Papos), pois as férias forçadas terminaram e estamos de volta com todas as novidades pra contar!

    Serás sempre bem vinda!!!

    Beijokas mil.
    Ana Johann!

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  14. Obrigada, Ana!
    A propósito, não tenho nada contra a religiao evangélica. Apenas nao gosto da hipocrisia exacerbada de alguns evangelicos e como sou católica, me reservo o direito de preferir que minha irma também siga os mesmos preceitos que eu sigo.
    (Essa é uma explicação ridiculamente desnecessária, mas tem sempre um retardado passando por aqui, né....é bom explicar!)
    Bjoss querida e eu vou la sim, te visitar, ok?

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Sabia que somente pessoas especiais postam comentários aqui?